Conheça a história real do cachorro cuja lealdade se tornou um símbolo de amor e devoção, e serviu de inspiração para 'Sempre ao Seu Lado'
Publicado em 13/05/2025, às 14h20
Nesta terça-feira, 13, os telespectadores da TV Globo poderão acompanhar o filme ‘Sempre ao seu Lado’ na Sessão da Tarde, o qual vai ao ar a partir das 15h25, horário de Brasília.
Na trama, é possível acompanhar a emocionante história do professor universitário que adota um filhote de cachorro da raça akita — o qual vira seu eterno companheiro. O cãozinho lhe fazia companhia todas as vezes que precisava ir até a estação de trem e, é claro, o esperava pacientemente até que ele retornasse e os dois pudessem ir juntos para casa. Era assim sempre, até que algo acontece e muda a dinâmica que acompanha a relação dos dois.
Estrelado por Richard Gere e lançado em 2009, o longa-metragem é inspirado em uma história um pouco mais antiga e que, ainda que similar com a ficção, aconteceu de verde.
Na vida real, os eventos aconteceram com o professor de agricultura Hidesaburo Ueno e seu leal cachorro de estimação, Hachiko.
Os caminhos dos dois se cruzaram pouco após o nascimento do cãozinho. Acontece que Hachiko nasceu em novembro de 1923 na cidade de Odate, na província de Akita, no Japão, onde a raça que o define é originária — a qual, inclusive, é uma das mais antigas do país do leste asiático, conhecida por trazer companheiros inteligentes e obedientes aos donos.
Assim, em 15 de janeiro de 1924, Ueno tornou-se o dono oficial de Hachiko. Na data, o pet chegou a casa do professor em Shibuya em péssimo estado, então Ueno e sua esposa, Yae, dedicaram seis meses de cuidados ao cachorro para que ele se tornasse forte e saudável, como explica o portal BBC.
Curiosidade:Na época em que se tornou parte da família de Ueno, o cão foi chamado de Hachi, que significa "oito" em japonês. O nome conhecido só viria depois, quando o sufixo "Ko" foi acrescentado por alunos do professor.
Recuperado e integrado à rotina de Ueno, Hachiko começou a acompanhar o professor até a estação de Shibuya, onde ele pegava o trem para ir até o trabalho. O cão ia junto aos outros dois cachorros de estimação de Ueno, e o esperava no local até que o dono retornasse para que pudessem todos ir para casa juntos — dinâmica essa que teve tempo para encerrar.
Acontece que Ueno acabou falecendo em 21 de maio de 1925 após ter hemorragia cerebral. Na época, Hachiko tinha apenas 16 meses de vida.
Sem o dono, Hachiko passou por alguns lares temporários até que fosse adotado pelo jardineiro de Ueno, Kikusaburo Kobayashi, no verão de 1925. Kobayashi morava perto da antiga residência do professor e possibilitou que o cãozinho realizasse o ato que o eternizou na memória de todos por sua lealdade, afinal, Hachiko voltou a realizar o trajeto que fazia com Ueno até a estação todos os dias, e assim como antes, ficava lá até o anoitecer, sempre atento ao rosto dos passageiros, como quem buscasse o ver novamente a feição daquele que foi o seu primeiro tutor.
As estações passaram, e com elas quase uma década ficou para trás, mas independente do tempo ou do clima, Hachiko permanecia lá — o que fez com que ele ganhasse notoriedade, se tornando manchete do jornal japonês Tokyo Asahi Shimbun, em 1932, antes de ganhar espaço também em veículos midiáticos ao redor de todo o mundo devido a sua lealdade ao antigo dono.
Como resultado, Hachiko ficou famoso. Querido por pessoas de todas as partes do mundo, o cãozinho começou a ganhar apoio e já não estava mais solitário a procura de Ueno, afinal, pessoas vinham de longe para testemunhar a devoção de Hachiko, enquanto outras enviaram doações de ração para que o cachorro não ficasse desamparado.
Mais que isso, Hachiko se tornou uma inspiração. Poemas e haikus foram escritos em sua homenagem, e, em 1934, ele ganhou uma estátua de bronze, a qual está até hoje do lado de fora da estação de Shibuya e recebe visitas de pessoas de todas as nações.
Hachiko esperou por 10 anos, mas faleceu em 8 de março de 1935. No funeral, estavam presentes monges budistas e uma multidão de admiradores da história do cãozinho, que oraram e prestaram homenagens à longa jornada de amor que Hachiko viveu com Ueno.
No entanto, o reconhecimento da emocionante devoção de Hachiko a Ueno não se limitou a esses atos. De lá para cá, ele ganhou novas estátuas em Odate, a cidade natal de Ueno, assim como em Hisai, na Universidade de Tóquio, e em Rhode Island, nos EUA, onde o filme da sessão da tarde de hoje foi rodado.
Além disso, no aniversário da morte do cachorro há uma cerimônia em homenagem a Hachiko do lado de fora da estação de Shibuya, e durante o ano, o monumento é adornado com acessórios correspondentes às estações do ano, deixando claro que o legado da lealdade de Hachiko continua vivo e atravessando o tempo.