Entenda o que é e como surgiu a famosa "maldição dos 7 anos" do k-pop, temida por inúmeros fãs de grupos da música pop sul-coreana
Publicado em 03/09/2024, às 15h39 - Atualizado em 14/11/2024, às 11h48
Se você é fã de k-pop e acompanha a indústria musical sul-coreana há um tempo, com certeza já ouviu falar alguma vez da famosa “maldição dos sete anos”, responsável por causar o disband dos grupos, sendo extremamente temida por quase todos os fandoms. Mas, o que realmente significa esse infortúnio? A RECREIO te explica!
A “maldição”, como passou a ser reconhecida pelos fãs, está ligada ao tempo de contrato dos grupos assinado após o seu debut. Isso porque, há alguns anos, era comum que os idols assinassem acordos duradouros com as empresas, onde alguns poderiam até superar 10 anos de contrato, sendo chamados de “contratos de escravidão” pela mídia sul-coreana, conforme repercutido pelo South China Morning Post.
Naquele tempo, as condições presentes nos contratos eram consideradas extremamente abusivas, rigorosas e injustas com os artistas, resultando em retornos financeiros baixos para os cantores, e favorecendo as agências.
Um dos casos mais famosos que ajudou a mudar a indústria foi o do TVXQ!, quando os integrantes Jaejoong, Yoochun e Junsu decidiram processar a SM Entertainment no ano de 2009 para rescindir seus contratos, que teriam duração de 13 anos, segundo o Koreaboo, e apresentava distribuições injustas de lucro.
No mesmo ano, o Tribunal Distrital Central de Seul decidiu a favor dos idols, que tiveram seus contratos suspensos. O processo só foi encerrado oficialmente no ano de 2012, quando as partes concordaram em finalizar os contratos, e não interferirem nas atividades de ambos os lados.
Após a disputa, uma série de discussões sobre o período dos contratos surgiu na Coreia do Sul, fazendo com que a Comissão de Comércio Justo do país emitisse um novo regulamento, exigindo que os contratos de entretenimento tenham, no máximo, sete anos de duração.
Por esse motivo, com a chegada do sétimo ano, os grupos costumam iniciar as conversas com as empresas para uma possível renovação de contratos. Em alguns casos, os integrantes, ou a própria agência, podem apresentar ideias de caminhos diferentes, resultando no temido disband — algo que atingiu conjuntos renomados como miss A, 4MINUTE e SISTAR, por exemplo.
No entanto, atualmente, tem se tornado cada vez mais comum boygroups e girlgroups conseguirem superar a famosa “maldição dos sete anos”, assim como a renovação de contratos de todos os integrantes, como aconteceu com o BTS, TWICE e Stray Kids, por exemplo. Outros conseguiram continuar suas atividades mesmo com alguns integrantes em empresas diferentes, de forma semelhante ao caso do Girls’ Generation, EXO, KARA, MAMAMOO, GOT7 e o BLACKPINK, que, apesar de Jisoo, Jennie, Rosé e Lisa estarem em agências distintas para atividades solo, as quatro permanecem juntas na YG Entertainment para promover como um conjunto.
Nos últimos tempos, outro fenômeno também passou a surpreender os fãs: grupos que, inicialmente, haviam sido afetados pela maldição dos sete anos, conseguirem retornar às promoções mesmo após o anúncio do disband. Entre grandes exemplos, podemos citar os casos recentes do 2NE1 e Lovelyz, que tiveram sua separação confirmada em 2016 e 2021, respectivamente, mas neste ano anunciaram que irão realizar reuniões especiais para celebrar seus aniversários de 15 e 10 anos de debut.
Com isso, em declaração ao portal sul-coreano Yonhap News (via Koreaboo), o crítico musical Kim Yun-ha afirma que a longevidade dos grupos, e a superação da maldição dos sete anos pode se tornar cada vez mais comum nos próximos anos, já que "Os novos idols que entram no mercado usarão como exemplo os idols seniores que estão ativos há muito tempo. Acho que o número de idols de longa data aumentará gradualmente".
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