Natureza / ONG Visão Mundial

50 anos no Brasil: ONG Visão Mundial olha para quem ninguém vê na Amazônia e em zonas de conflito

A Visão Mundial completa 50 anos de atuação no Brasil e revela o drama de crianças Ticuna na Tríplice Fronteira e em outras comunidades indígenas

Povos indígenas - Buda Mendes/Getty Images

No coração da Amazônia, em um território que une Brasil, Colômbia e Peru, a realidade das crianças indígenas, especialmente na comunidade Ticuna de Umariaçu, é um eco de desafios que a sociedade muitas vezes ignora. Longe da visão romântica do paraíso natural, o dia a dia de jovens e crianças é marcado pela luta contra a solidão, a falta de perspectivas e problemas de saúde mental que, em casos trágicos, levam ao suicídio.

A ONG Visão Mundial, com 50 anos de história no Brasil e 75 no mundo, está na linha de frente para mudar esse cenário. A presidente do conselho da Visão Mundial, Silvana Bezerra Magalhães, compartilhou em entrevista exclusiva à Perfil Brasil, relatos que revelam a urgência da situação. São histórias de dor e resiliência, como a de um menino de 5 anos que chorava diariamente pela perda do pai, ou a do garoto de 10 que, após sofrer abuso, tirou a própria vida. O peso do abuso e a falta de apoio adequado são fatores cruciais para que a saúde mental dessas crianças seja tão frágil.

Onde ninguém vê: a missão de olhar

A frase de Silvana, “A Visão Mundial olha para quem ninguém vê“, resume a essência do trabalho da organização. Em Umariaçu, por exemplo, o projeto da ONG está auxiliando uma educadora Ticuna que, com recursos limitados, leciona português para 150 crianças simultaneamente. A falta de infraestrutura é um obstáculo real: os pequenos sonham com uma quadra e uma biblioteca, algo que para muitos é básico, mas que para eles representa um espaço de dignidade, aprendizado e, acima de tudo, esperança. A chegada de novos recursos e mais pessoal é um sinal de que esses sonhos podem, finalmente, se tornar realidade.

Maria e o desespero da migração

A vulnerabilidade não se restringe às fronteiras do Brasil. O drama de Maria, uma migrante venezuelana, exemplifica como a pobreza e as condições extremas afetam a saúde mental de maneira devastadora. A caminhada de um mês com um bebê no colo, a perda do filho e a atitude desesperada de se atirar de uma ponte com o corpo da criança mostram que a luta por sobrevivência pode levar ao limite da dignidade humana. A história de Maria reforça o lema de Silvana: “Nenhuma Maria mais pode morrer. Nenhum bebê pode morrer no colo de nenhuma Maria.” É um chamado à ação, para que a ajuda chegue a tempo.

Esses relatos mostram que o trabalho de organizações como a Visão Mundial vai muito além da assistência material. É sobre fornecer dignidade, apoio emocional e esperança. É sobre entender que, em cenários de extrema pobreza e abandono, a saúde mental não é um luxo, mas uma necessidade básica.

Confira a entrevista completa!

Daniela Bazi é jornalista graduada pela UNINOVE, e bruxa formada na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Amante de animações, filmes e séries, também é fã de divas pop, entusiasta da Disney e k-popper nas horas vagas.