O local que já foi marcado como um ponto de castigo para escravos, hoje é um importante centro cultural da cidade
A história de Salvador, capital baiana, mistura-se com a do Brasil: a cidade foi fundada em 1549, por Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do nosso país. A missão dele era criar uma cidade-fortaleza na Bahia e estabelecer ordem na colônia. A sede do governo de Tomé de Sousa ficava na região central, local ideal para a defesa da região, por ficar no alto e perto de um porto. Lá também foi instalado o Pelourinho.
Durante o período colonial, a escravidão, principalmente de negros trazidos da África, era permitida no Brasil – a abolição da escravatura só aconteceu em 1888. Quando não faziam o que os donos de escravos queriam, os negros eram castigados em uma coluna de madeira ou pedra no centro de uma praça – essa coluna era chamada de pelourinho. O castigo era público para os governantes mostrarem autoridade diante da população e de outros escravos.
Exibição de poder
No século 18, igrejas e casas nobres começaram a ser erguidas em maior quantidade na região do Pelourinho de Salvador. Grandes proprietários rurais queriam mostrar poder ao fazer isso, já que a área central da cidade, perto da câmara municipal, era mais do que um lugar para castigar escravos: tratava-se de um símbolo da presença da Coroa Portuguesa.
Aos poucos, durante o século 19, o comércio foi ocupando a região e diversos profissionais passaram a trabalhar e até a residir na área. A aristocracia, então, mudou-se para outros pontos da cidade.
Outro sentido
Hoje, a região não tem mais a coluna, ou seja, o Pelourinho em si. Atualmente, a região abrange as ruas que vão do bairro Terreno de Jesus até o Largo do Pelourinho. Ela ainda abriga igrejas que datam da época da escravidão. Exemplos são a do Rosário dos Homens Pretos, que começou a ser construída em 1704, e a Catedral Basílica, fundada em 1552. A área também tem pontos culturais, como a Fundação Jorge Amado, que pesquisa e divulga acervos do escritor Jorge Amado.
Desde 1985, o Pelourinho é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade, tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A área do Pelourinho é palco de manifestações cultural: há ensaios do grupo Olodum e apresentação de artistas como Caetano Veloso. Restaurantes e lojas também compõem a região. Se for visitar, lembre-se: é proibido circular de carro por essas ruas de Salvador.
Consultoria: Luiz F. de Freitas Tavares (bacharel e licenciado em História pela UERJ) e Tércio Veloso (mestre em História do Brasil Colonial pela UFOP).