A educação, como mola propulsora do conhecimento, necessita ser reformada a cada dia pelas inquietudes do ser
Conforme tudo aquilo que somos acostumados a ler nos livros e ouvir nas palestras dos grandes estudiosos da área, a educação, também é por excelência intuição, descoberta do desconhecido, daquilo que subjaz por detrás das teorias dos diversos ramos do conhecimento.
Acredita-se que o modelo com que ela vem se desenvolvendo nos últimos tempos, já não surte mais efeitos, principalmente na geração “nativa da internet”. A era da telecomunicação é uma prática que faz parte do dia a dia desses sujeitos e, por tudo isso, acreditamos que se queremos dar ânimo, principalmente ao ensino público, precisamos pensar e criar novas formas de educação, do contrário, ela infelizmente mergulhará cada vez mais ao caos.
Quando uma casa é construída com alicerce comprometido é inevitável o desmoronamento. O que fazer? Incentivar de que forma? — Você acredita que bolsas de incentivo resolverá a problemática que a educação atravessa?
Entretanto, é certo que muitos alunos, vão à escola porque os pais os obrigam, se não o forem, a família poderá perder a bolsa do governo e, assim, os anos e idades vão passando. Cabe aqui uma indagação: Os alunos e família entendem o que é um sistema educacional? Não estamos nos referido a um entendimento profundo sobre o assunto, mas sobre o mínimo, para que possam, quem sabe, se situarem sobre o sistema que fazem parte, seus princípios e finalidades.
Por mais que subestimemos os jovens, tal informação poderá fazer o diferencial, terão oportunidades de ver com mais clareza o sistema em movimento. Se existirem todas essas lacunas de entendimento, quando o jovem se deparar já estará dentro de outro sistema (estadual) em uma sala de ensino médio e quando olhar para trás ou procurar dentro da sua surrada mochila um mínimo de conhecimento que lhe dê esperança para a nova jornada, o que encontrará muitas vezes, é só a insegurança e o desejo de desistir.
É importante que o professor tenha habilidade para formular discurso capaz não só de prender a atenção dos alunos, mas também, fazer com que ele tenha interesse sobre o diálogo simples e objetivo do educador (se não entende nada, não se pode oferecer algo além do nada). Se um professor continua com a mesma prática anos após anos e não consegue perceber que a sua forma de ensinar (didática), não está sendo verdadeiramente eficaz e significativa para os alunos, ele precisa urgentemente rever e criar estratégias, ou seja, avaliar sua prática até conseguir resultados satisfatórios em busca da excelência. Do contrário, as salas ficarão cada ano mais vazias e, o governo, terá que elaborar outros planos para manter os alunos sentados nos bancos das escolas.
Em síntese, acredita-se que os pilares do alicerce devem ser bem construídos. É curioso pensar que quando a criança chega pela primeira vez a escola cheia de inquietude, em querer saber, sobre o mundo que se abre a sua frente e o que ela tem para lhe oferecer, um terreno fértil chega ao sistema educacional, o que nos move a indagar: qual a semente está sendo plantada, quem está semeando e quem está regando? O microssistema (escola) está preparado para acolher e trabalhar a potencialidade que porventura a criança possa trazer do seu mundo? Qual o compromisso verdadeiramente que o sistema macro tem para com a educação?
Mediante as reflexões nascidas das inquietudes mais profundas, é que propomos uma prática educacional voltada ao “despertar dos sentidos”, para que o aluno desde a tenra idade comece a buscar pelo entendimento de si mesmo, nem que seja o mínimo. Tal prática dará aos poucos clareza de como fazer uso do conhecimento que está sendo adquirido na escola e fora dela, ou seja, fazer o link da teoria com a prática social.
Este conhecimento, caminhará junto com a educação acadêmica. Para isso, é necessário que todos os professores da escola tenham formação continuada voltada a educação emocional (junção da ética e moral), além da formação técnica. A dialética e a escuta, serão uns dos pilares que dará base para a educação dos sentidos, que possibilita ao outro descobrir o mais belo de si, não só sentir, mas também, expressar aquilo que realmente tem sentido na própria vida.
Por isso, é fundamental que o aluno, torne-se ciente do sistema educacional a qual pertence, seus princípios, objetivos e fins. Do contrário se sentirá perdido na correnteza, levado pelas forças das marés. Mas, para que isso não aconteça, a escola deve fazer seu papel: alfabetizando e trabalhando metodologias que exercitem formas de aprender, para os jovens começarem a compreender o sentido da própria existência.
A era da tecnologia é um fato, o mundo avança a cada dia nessa direção. A inteligência artificial, por exemplo, dialoga conosco todos os dias, fingir que isso não está ligado com a nossa educação (escola), é uma forma de autoengano.
A tecnologia não é o problema, assim como a falta dela também não (os fatos falam por si só). Mas, onde está a problemática do uso da tecnologia na escola? Entende-se que a partir do momento que a instituição escolar não consegue impedir, nem conscientizar os alunos sobre o uso de celulares dentro da sala de aula, consumindo conteúdos insignificantes a sua formação, aí está o problema em potencial.
Se tal prática continuar, em pouco tempo eles serão irreconhecíveis, por estarem mergulhando em um mundo sem forma nem limites, possibilitando até o esquecimento de si mesmo. Assim com uma única nota não forma uma sinfonia, também, para formar quem sabe, um grande maestro de criação no mundo tecnológico educacional, há necessidade de cada dia orientar esses cérebros de forma clara e objetiva explorando suas habilidades de forma responsável, para que possa no futuro, caminhar com suas próprias pernas e ultrapassar a cortina de fumaça que o impede de ver a realidade longe das ilusões.
Desta maneira, a escola dará continuidade ao seu papel social. Afinal, educar, dentre outros fatores, é a arte de fazer com que o outro sinta a necessidade de descobrir a própria forma de aprender, criar e recriar, com o intuito de contribuir com o conhecimento.
Everaldo de Deus é professor, psicanalista clínico e escritor. Pedagogo com mestrado em Educação e especialização em Neuropsicopedagogia, é coordenador de curso de especialização da Uniepa. Na carreira literária, é poeta pela Academia de Letras do Brasil (ALB), participou de diversas antologias poéticas e agora lança o livro Banquete das Ideias.
A sinopse do livro, disponibilizada no site da Editora Appris, diz: "O passado se repete com a mesma intensidade de uma novidade, se projetando ao futuro pintado com a cor do que parece real, a verdade se cristaliza a cada instante diante de nós pelo ar que respiramos, o adormecimento nos impede de perceber que a história muda apenas de personagens em cenários que brilham como fogo-fátuo, suas cinzas desenham uma nova cena com atores diferentes que vêm para contar a mesma história, enganando aos que acreditam nas recorrências que acontecem no tapete das ilusões".