Entenda a história sobre o suposto plágio envolvendo os personagens Kimba, de "O Imperador da Selva", e Simba, de "O Rei Leão"
Há exatos 29 anos, estreava nos cinemas aquele que seria um dos maiores sucessos já lançados pela Disney: “O Rei Leão”. Após inúmeras animações inspiradas em contos antigos ou em histórias de pessoas reais, a trama sobre Simba, Mufasa e companhia foi a primeira do estúdio a ser criada a partir de uma ideia original.
Ainda assim, apesar da produção ter feito um estrondoso sucesso, na época de seu lançamento, boatos começaram a surgir pela imprensa de que a história não seria tão original quanto a Casa do Mickey pregava.
Conforme repercutido pelo portal Omelete, na década de 90, diversos veículos dentro e fora dos Estados Unidos começaram a apontar que o enredo sobre o leão Simba era, na verdade, plágio de uma série animada japonesa sobre um leão chamado Kimba.
Kimba, como é conhecido no Ocidente, é o protagonista do mangá “Jungle Taitei” ("O Imperador da Selva", em português), lançado em 1950 por Osamu Tezuka. Na trama, o leãozinho, que nas páginas é chamado de Leo, é filho de Panja e Eliza, mas acaba perdendo seus pais após a mãe ser capturada por um zoológico e o pai ser morto por caçadores.
Antes de ser levada para viver em cativeiro, Eliza pede para que o filho retorne para a África, e reconquiste o trono que uma vez foi de seu pai. A franquia se tornou um sucesso no Japão e, em 1966, recebeu seu primeiro anime produzido pela Tezuka Production, que também foi muito bem recebida pelo público, e acabou sendo exportada para diversos países na década de 60.
No entanto, apesar dessas semelhanças, não é todo o enredo que se parece com a trama apresentada pela Disney — mas, mesmo assim, isso foi o suficiente para que as acusações de plágio continuassem.
A animação sobre Simba começou a ser produzida em 1989, mesmo ano em que o criador de Kimba, Osamu Tezuka, faleceu. Além disso, inicialmente, o projeto não levava o nome de “O Rei Leão”, mas sim de “O Rei da Selva”. Nessa época, o anime sobre o leão japonês já estava prestes a receber uma segunda série.
Todos esses fatos foram utilizados como fortes argumentos para acusar a Disney de copiar a história de Tezuka assim que a história de Simba foi lançada. Na época, para se defender, os produtores da Disney se pronunciaram sobre o assunto, afirmando desconhecer a trama de Kimba.
Segundo o Omelete, Rob Minkoff, diretor de “O Rei Leão”, disse que só soube sobre as semelhanças entre as duas obras quando a equipe viajou para o Japão para promover o filme, e foram questionados sobre o suposto plágio.
A situação tomou proporções que ninguém esperava, afetando diretamente na bilheteria do longa dos estúdios de Walt Disney em terras japonesas, que não foi uma das melhores — afinal, “O Imperador da Selva” era considerado praticamente um patrimônio cultural do país.
Com tantos argumentos, seria fácil para a Tezuka Production, empresa fundada pelo criador de Kimba e responsável pelos direitos do personagem, vencer um processo de direitos autorais contra a Disney. Contudo, a história acabou tendo um fim muito diferente do que alguns esperavam.
Como Osamu era um grande fã da Disney, e se inspirava nas animações do estúdio para criar seus próprios personagens, Takayuki Matsutani, presidente da empresa na época, afirmou que, caso estivesse vivo, o fundador se sentiria honrado com as semelhanças.
Em entrevista ao jornal americano The Baltimore Sun, Takayuki disse que "Em vez de entrar com um processo, nós ficamos muito felizes de saber que pessoas da Disney viram o trabalho do Tezuka", e finalizou sua fala afirmando que as duas histórias são diferentes.