Veja algumas das revelações sobre o Disney Channel presentes no livro 'Disney High: The Untold Story of the Rise and Fall of Disney Channel's Tween Empire'
Publicado em 03/12/2024, às 17h21
Na última segunda-feira, 2, a Disney anunciou o fim do canal Disney Channel no Brasil. A partir de fevereiro de 2025, o Disney Channel, ao lado dos canais Star Channel, FX, Nat Geo, Cinecanal e Baby TV, não estarão mais disponíveis em terras brasileiras.
Conforme repercutido pelo F5, da Folha de S. Paulo, apesar dos filmes e séries serem um enorme sucesso entre os fãs, os números do ibope foram baixos nos últimos anos, resultando na decisão. Em nota, a Disney declarou a escolha é uma resposta às "transformações no cenário local de mídia".
"Em resposta às transformações no cenário local de mídia e entretenimento, e para garantir que continuemos a evoluir e atender às necessidades de nossos consumidores com agilidade e inovação, decidimos descontinuar a operação de alguns canais lineares no Brasil a partir de 28 de fevereiro de 2025", explica o comunicado. "Essa decisão inclui o encerramento dos canais Star Channel, Cinecanal, FX, National Geographic, Disney Channel e Baby TV, sem impactar nossos canais esportivos".
Por anos, o Disney Channel foi responsável por marcar a vida de milhares de crianças e jovens ao redor do mundo, impactando toda uma geração graças a produções como “Hannah Montana”, “Camp Rock”, “High School Musical”, “Os Feiticeiros de Waverly Place”, “As Visões da Raven” e muito mais.
Em 2024, a jornalista e escritora Ashley Spencer lançou o livro “Disney High: The Untold Story of the Rise and Fall of Disney Channel's Tween Empire” (Disney High: A história não contada da ascensão e queda do império pré-adolescente do Disney Channel, em livre tradução), responsável por apresentar os bastidores do Disney Channel, principalmente durante seu auge nos anos 2000.
Em entrevista para a Vanity Fair, Ashley comentou um pouco mais sobre os assuntos abordados na obra, como a comparação entre a Disney e a Nickelodeon. Durante a conversa, a autora comenta que a Casa do Mickey Mouse também contava com “pressões extremas”, principalmente relacionadas a tornar os artistas em modelos, porém, nunca teria contado com alegações preocupantes como as da emissora do Bob Esponja apresentadas no documentário “Quiet on Set”.
“A Disney tinha pressões extremas além do que a Nickelodeon tinha, porque a marca Disney é tão única no legado, na tradição e nas expectativas. O que implica ser um modelo no Disney Channel está além. Eu nem conheço outra empresa que você possa comparar à Disney. Meu livro não foi uma investigação de um indivíduo. Não há alegações públicas existentes desse nível contra ninguém no Disney Channel”, diz Spencer.
Ashley ainda comenta que, diferente da Nick, a Disney não tinha problemas em descartar e demitir funcionários, e nunca se viu presa a um único roteirista por criar séries de sucesso — como aconteceu com Dan Schneider na Nickelodeon, criador de “Drake & Josh”, “iCarly”, “Zoey 101”, “Brilhante Victoria” e “Sam & Cat”. Segundo a jornalista, para o canal da empresa de Walt Disney, “se alguém era um obstáculo naquele sistema, bem, eles são descartáveis. Porque ninguém poderia ser maior do que a marca”.
“Eu não acho que você poderia ter tido um Dan Schneider no Disney Channel. Mesmo essas pessoas que estavam comandando sitcoms de muito sucesso que ficaram [famosas] até o fim, muitas vezes, essa foi a última sitcom que eles fizeram [no Disney Channel]. Eles não foram trazidos de volta”.
Outro ponto comentado por Spencer foram algumas das grandes polêmicas do canal nos anos 2000, incluindo uma sessão de fotos de Miley Cyrus (Hannah Montana) para a própria Vanity Fair e o vazamento de fotos íntimas de Vanessa Hudgens (High School Musical).
A autora destaca na entrevista que “nunca vimos realmente os bastidores de nenhuma dessas ocorrências. Eles obviamente estavam divulgando declarações de RP na época”, e destaca acreditar que a Disney talvez tenha lidado com cautela a situação da sessão de fotos de Miley, por ela ser “só uma criança”.
Ashley conta que, quando as imagens foram divulgadas, Rich Ross, o então presidente de entretenimento do Disney Channel, e Anne Sweeney, então chefe do Disney/ABC Television Group, pegaram um voo diretamente para Nashville, onde a família de Cyrus morava, para falar pessoalmente com os pais da artista de que a situação não era correta.
Já sobre os vazamentos de Vanessa, Spencer diz que, hoje, os executivos encaram que lidaram com a situação como uma forma de “não queremos que algo assim aconteça com você de novo”, apesar de acreditar que a “declaração na época foi muito repreensiva”, principalmente porque esse tipo de vazamento era “um território um pouco desconhecido para a rede e para celebridades na internet em geral”.
O livro também comenta um pouco mais sobre conflitos que aconteceram nos bastidores das gravações, como o embate entre Miley Cyrus e Emily Osment em “Hannah Montana”.
Ashley comenta para a Vanity Fair que essas situações aconteciam, pois “essas não são pessoas que entram nos shows como melhores amigas. Além de Selena e Demi, que eram amigas antes [de ‘Programa de Proteção para Princesas’]. Então, talvez elas desenvolvam uma amizade porque estão perto uma da outra o dia todo, mas geralmente não o fazem”.
“Emily e Miley Cyrus são pessoas muito diferentes e você não pode esperar que só porque elas vão interpretar amigas, elas devam ser amigas”, finaliza.
Confira a entrevista completa aqui.