Flow: conheça Miut, pet que deu voz ao gatinho do filme

Longa-metragem independente, "Flow", superou “Divertida Mente 2”, “Memoir of a Snail”, “Wallace e Gromit: Vengeance Most Fowl” e “O Robô Selvagem” e venceu a categoria de Melhor Animação no Oscar 2025, se tornando a primeira trama animada da Letônia a ser indicada e também a vencer a premiação mais prestigiada do universo cinematográfico.

Na ocasião, o diretor da história, Gints Zilbalodis, realizou um discurso onde além de revelar estar "comovido com a recepção calorosa" do enredo e afirmar que espera que mais cineastas de animação independentes ao redor do mundo tenham a chance de subir ao palco para receber o prêmio futuramente, também aproveitou o momento para agradecer.

Dentre os muitos obrigados, os quais envolviam mensagens de gratidão a distribuidora do filme nos Estados Unidos, Sideshow e Janus, e ao software 3D gratuito em que a animação foi feita, chamado Blender, o diretor agradeceu os seus animais de estimação: "Obrigado aos meus gatos e cachorros".

Acontece que os pets dos membros envolvidos na criação de "Flow" também tiveram grandes papéis para que o projeto ganhasse forma. No caso de Zilbalodis, o golden retriver do filme foi inspirado no cachorro de mesma raça do cineasta, enquanto o visual e personalidade do gato protagonista surgiram a partir da gata Josephine e seu filho Oigars.

A voz do personagem principal da animação, no entanto, veio de outro pet: Miut, a gata de estimação de Gurwal Coïc-Gallas, o engenheiro de som do longa-metragem. A felina foi apresentada por meio de um vídeo dos bastidores em que Gurwal está captando os miados dela para inserir no filme; veja:

Vale mencionar que o processo de seguir o bichano e capturar os sons que emite foi feito ainda com um lêmure e com uma capivara. No entanto, a 'voz' do roedor não foi usada na versão do filme, já que Zilbalodis afirma que o tom não combinava com o personagem, e assim, optaram por usar o som de um filhote de camelo.

"Capivaras não falam muito, então era preciso fazer cócegas para fazê-la dizer alguma coisa, mas a voz era muito aguda e não combinava com nosso personagem tranquilo e hippie. Tomamos uma decisão criativa de oferecer o papel a um bebê camelo", escreveu o diretor no X (antigo Twitter).

Vale mencionar que "Flow" segue um gato preto que teve que abdicar da sua natureza solitária para sobreviver, afinal, ao perder o seu lar em um dilúvio, ele encontrou abrigo a bordo de um barco repleto de outros animais, os quais tiveram que aprender a superar suas diferenças e colocar em prática o altruísmo para que pudessem sobreviver.

A história, teve um orçamento bem abaixo do padrão de grandes estúdios de animação, já que custou US$ 3,8 milhões (RS 22 milhões na cotação atual) para ficar pronto. Para efeitos de comparação, "Robô Selvagem", da DreamWorks Animation e distribuído pela Universal Pictures, teve um orçamento de US$ 78 milhões (cerca de RS 455 milhões), enquanto "Divertida Mente 2", da Disney e Pixar, desprendeu de US$ 200 milhões (pouco mais de RS 1.17 bilhão).

A economia é mérito não só da captação de som de bichos reais, o que polpou dinheiro com dublagem, mas também de uma equipe enxuta de 20 pessoas, as quais ocuparam diversas funções na trama, como exemplo, Zilbalodis, que é co-roteirista da história, co-produtor, designer de produção e co-compositor da trilha sonora onde ele também é creditado pela produção.

Além disso, levando 5 anos e meio para ficar pronto, o filme usou uma tecnologia de código aberto para animar a trama que tem visual simples, mas que traz enorme fidelidade ao comportamento animal, o qual é resultado da pesquisa da equipe. “Nossos animadores foram pagos para passar horas assistindo a vídeos de gatos na internet”, brincou o diretor nas redes sociais.

Com uma trama sensível, o longa venceu outras grandes premiações, como o Globo do Ouro, cuja estatueta se tornou tão importante que foi exposta em um museu na Letônia, além do Annie Award e o festival de animação mais prestigiado do mundo, Annecy, onde o título venceu 4 categorias.

"Flow" está em cartaz nos cinemas brasileiros.