A história real da monarquia coreana que inspirou o dorama ‘The Red Sleeve’
Conheça a história de amor real de um antigo rei coreano que inspirou os acontecimentos do dorama 'The Red Sleeve', com Lee Junho e Lee Se Young

Em 2021, foi lançado um dos doramas históricos mais adorados pelos fãs dos dramas sul-coreanos: “The Red Sleeve”, produção protagonizada por Lee Junho, integrante do boygroup de k-pop 2PM, e pela atriz Lee Se Young.
A obra, disponível para streaming no Brasil por meio da plataforma de streaming Rakouten Viki, acompanha a história do príncipe Yi San (Lee Junho), que está prestes a assumir o trono, mas acaba se apaixonando por Sung Deok Im (Lee Se Young), uma empregada do palácio, pretendendo torná-la sua amante.
O romance foi baseado no livro de mesmo nome, escrito por Kang Mi Kang, que, por sua vez, foi inspirado em uma história real de um antigo rei coreano da Disnastia Joseon (1392-1910), o Rei Jeongjo.
A história real por trás de ‘The Red Sleeve’
Apesar de ter sido inspirado em um acontecimento real, o drama conta com muitos momentos de ficção, e nem tudo o que acontece na série reflete o que realmente aconteceu entre o monarca e sua concubina — como seus outros nomes, visto que, quando assumiu o trono, o monarca passou a se chamar Jeongjo, enquanto sua amada também era conhecida como Uibin Seong.
Nos documentos históricos, é descrito que Uibin Seong chegou ao palácio real em 1762, aos 10 anos, para trabalhar como dama da corte. De acordo com o portal Korea JoongAng Daily, historiadores apontam que, na época, a Rainha Heongyeong, mãe de Jeongjo, a tratava como se fosse uma filha adotiva, podendo ser este o início da aproximação entre os dois.
Contudo, naquele mesmo ano, ainda como príncipe herdeiro, Yi San se casou com Hyoui, mulher que permaneceu ao seu lado até sua morte. Na época, ele tinha apenas 11 anos, enquanto a noiva 9.
Apesar de não existirem registros de como o casal se apaixonou, nos documentos de orações fúnebres e louvores escritos pelo próprio rei após a morte de Uibin (1753-1786), intitulado “Epitáfio de Uibin Seong”, e disponível nos arquivos digitais da Academia de Estudos Coreanos, Jeongjo, além de expressar seus sentimentos pela mulher, também descreve sobre as vezes em que foi rejeitado pela mesma, mas que nunca deixou de a amar.
Segundo o portal Korea JoongAng Daily, o documento foi escrito em 1786, onde o monarca descreve que Seong negou seu pedido de casamento por duas vezes. A primeira aconteceu em 1766, onde ele escreve que ela “recusou minha proposta, arriscando sua vida, dizendo que a Rainha Hyoui [1754-1821] ainda não havia dado à luz filhos. Fiquei comovido com isso e não forcei mais a barra“. Na época, o soberano tinha apenas 15 anos, enquanto a amada 14.
Apesar da negativa, o rei Jeonjo não a esqueceu. Após 15 anos, depois de já ter se envolvido com inúmeras outras mulheres fora do casamento, quando estava na casa dos 30 anos, voltou a propor casamento para Uibin — que negou mais uma vez, mas ainda sim se envolveu intimamente com o soberano.
“Foi depois que seus servos foram punidos que Uibin obedeceu às ordens, engravidou naquele mês e deu à luz a um príncipe herdeiro em setembro de 1782”, escreveu Yi San no ‘Epitáfio de Uibin Seong’.
O príncipe herdeiro em questão foi Munhyo, o primeiro filho do rei Jeongjo, que, infelizmente, acabou falecendo em 1786 de sarampo. Na época de seu falecimento, Seong estava nos primeiros meses de sua segunda gravidez, que nunca chegou ao estágio final. Isso porque a amante do rei acabou falecendo apenas quatro meses após a morte do filho por uma “doença desconhecida”, segundo os registros históricos.

Devastado, Jeongjo ordenou que o funeral de sua amada fosse realizado com os mesmos rituais da antiga rainha consorte Lady Seonhui — e assim foi feito. Após sua morte, além de preparar pessoalmente as orações escritas e o epitáfio para Uibin, por anos o soberano também passou a escrever recados no memorial do aniversário de sua morte.
Entre seus desabafos, é possível encontrar escritos como: “Eu costumava sorrir ao olhar para você, mas agora só há silêncio dentro do palácio” e “Por que você está aí, enterrada em um lugar onde não há ninguém por perto? Por favor, volte para o palácio“.
O rei Jeongjo faleceu em 1800, aos 47 anos, em circunstâncias incertas. A causa de sua morte permanece um mistério até hoje. Seus restos mortais estão enterrados no túmulo real de Geonneung, localizado na cidade de Hwaseong, ao lado de sua esposa oficial, a rainha Hyoui.