Em entrevista, Paulo Coelho relembra dias na Ditadura Militar
Em entrevista exclusiva a Rolling Stone Brasil, Paulo Coelho compartilha sobre sua prisão no DOPS durante a Ditadura Militar ao lado de Raul Seixas; veja!

A participação de Paulo Coelho na vida e carreira de Raul Seixas vai muito além da música, assim, em entrevista exclusiva a Rolling Stone Brasil, o escritor relembrou momentos marcantes que viveu ao lado do cantor durante o período da Ditadura Militar no Brasil, após assistir os oito episódios de ‘Raul Seixas: Eu Sou’, série do Globoplay lançada em junho. Um dos destaques da conversa foi a perseguição imposta pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), órgão responsável pela repressão política durante o regime.
Na entrevista, o autor foi direto ao explicar o que aconteceu: “Me torturaram. Aliás, eu escrevi um texto para o Washington Post, no qual descrevo em detalhes a tortura. Quando eu era torturado, eu dizia que confessaria o que quisessem. Eles não queriam confissão nenhuma, mas me dar um susto”. A prisão teria ocorrido por engano, segundo ele.
“Eu fui trocado por outra pessoa com o mesmo nome, um homônimo. Depois, saiu o livro ‘Raul Seixas: Não Diga Que a Canção Está Perdida’ e o autor [Jotabê Medeiros] foi pesquisar e descobriu que era um homônimo do Partido Comunista. Ele contou que tinha sido confundido com outro cara chamado Paulo Coelho Pinheiro. Eu sou o Paulo Coelho de Souza.”
Sobre a perseguição
Segundo Coelho, as ameaças começaram após o sucesso do disco ‘Krig-ha, Bandolo!‘, de 1973, quando ele e Raul foram detidos e levados para o prédio do DOPS. As cenas do seriado mostram o cantor sendo interrogado enquanto o escritor aguarda do lado de fora, que foi levado apenas por estar junto do artista.
Aquilo que a série define. ‘A gente não está atrás de você, Raul. Está atrás do seu parceiro’. E o ‘seu parceiro’ era eu. ‘[Raul sai e vai ao telefone, então só pegaram você porque foi acompanhar?]’ Exatamente. E ele pegou o telefone e cantou. O que não é correto é que saí e fui encontrar com ele. Eu fui para a casa dos meus pais”, explicou.
Já sobre a acusação de que Raul teria delatado o parceiro, Paulo nega. “Não. Tem uma biografia que diz que sim, mas não. Eu não acho. Antigamente todo mundo que era preso e solto e queria sair do país tinha que ir no DOPS para explicar porque queria sair do país.”
Apesar de o tempo ter passado, ele reconhece que as feridas permanecem. “Acho que a essa altura eles já tinham concluído que eu não tinha nada a ver”, disse ao relembrar a liberação. Na entrevista, ele também revela que, ao ser chamado novamente ao DOPS para explicar uma viagem ao exterior, se recusou a ler um documento com o próprio nome. “Eu era tão apavorado que nem olhei aquele papel. Olhei para o outro lado”.
Leia a entrevista completa aqui!