Relembre alguns dos feitos que ajudaram Heath Ledger a ganhar um Oscar Póstumo por seu papel como Coringa em "Batman: O Cavaleiro das Trevas"
Publicado em 24/01/2025, às 13h58
Quando o assunto é Heath Ledger, qual filme com o ator é o mais emblemático? Ao pensar um pouco, títulos como "10 Coisas que Eu Odeio em Você" e "O Segredo de Brokeback Mountain" podem surgir rapidamente na lembrança, mas um longa-metragem em específico trouxe ainda mais peso para a filmografia do ator: "Batman: O Cavaleiro das Trevas", onde ele interpretou o vilão da história, Coringa.
Isso porque, a trama, dirigida por Christopher Nolan, se tornou a última estrelada por Ledger, visto que o ator faleceu meses antes da estreia do filme nos cinemas (realizada em 18 de julho de 2008), em 22 de janeiro de 2008, aos 28 anos, por overdose acidental de medicamentos —, além de marcar um feito extremamente importante: o título que lhe trouxe um Oscar mesmo após a morte.
O fato aconteceu há 16 anos, mais precisamente no dia 23 de fevereiro de 2009, cerca de 13 meses depois da morte do ator. A data guarda a 81ª cerimônia da entrega de prêmios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas que reconhece os melhores atores, técnicos e filmes lançados no ano, onde Ledger venceu o Oscar póstumo de melhor ator coadjuvante pelo trabalho desempenhado ao dar vida ao Palhaço do Crime mais amado dos quadrinhos.
Na ocasião, a Academia abriu espaço para que a família de Leadger, seu pai, Kim, sua mãe, Sally, e sua irmã mais velha, Kate, recebessem a estatueta dourada em nome do artista.
“Agradeço à Academia e a Christopher Nolan, por terem dado a Heath a liberdade de criar e explorar esse louco personagem. Esse prêmio sela a sua determinação em ser aceito por todos vocês e também por essa indústria”, afirmou Kim Ledger no discurso de agradecimento repercutido pelo G1.
Ainda no palco da premiação, a mãe do ator afirmou que “ele era uma alma cheia de compaixão", revelando que ele foi uma inspiração, além de que a família se sentia honrada e orgulhosa pela conquista de Ledger.
A irmã Kate fechou o discurso dizendo estar feliz em receber o Oscar em nome de “sua linda Matilda”, se referindo a filha que Ledger deixou, fruto de seu relacionamento com a também atriz, Michelle Williams, quem ele conheceu no set de "O Segredo de Brokeback Mountain" em 2004, e permaneceu junto até meses antes de falecer, já que o noivado que tinham chegou ao fim em setembro de 2007.
Vale lembrar que, em casos de falecimentos, a Academia abre exceções para que o prêmio seja entregue aos parentes mais próximos do vencedor. Assim, a filha de Ledger seria a pessoa ideal para levar o Oscar para casa, mas, como na época ela tinha apenas 3 anos, foi decidido que a família do ator ficaria sob a posse da estatueta até que ela completasse 18 anos.
Ledger se tornou o segundo ator a receber um Oscar póstumo, visto que até então, apenas Peter Finch tinha conquistado o feito, em 1976, por "Rede de intrigas".
Vale lembrar que a aclamação a performance do ator se dá ao nível de entrega que ele concedeu a interpretação, a qual foi conquistada com muito estudo do personagem, afinal, alguns dos elementos que o ajudaram a criá-lo para as telas foram:
Mais que isso, em entrevista concedida à Empire em 2007, o artista contou que optou por se isolar em um quarto de hotel em Londres semanas antes das gravações, onde testou diferentes interpretações para o personagem, documentando tudo em um diário, o qual foi usado por ele durante todo o processo de criação do Coringa. O diário tem páginas reveladas no documentário "Too Young To Die".
Como resultado, o vilão que ele definiu, no mesmo bate-papo, como um “sociopata absoluto, um palhaço de sangue-frio e assassino em massa”, se tornou tão convincente e assustador que fazia até mesmo seus colegas de cena esquecerem as falas, como revelou o ator Michael Caine, interprete de Alfred em "Batman: O Cavaleiro das Trevas" à revista.
Também em frente as câmeras, Ledger gostava de viver a experiência por completo. Isso porque, na icônica cena de interrogatório, o ator pediu que Christian Bale, o Batman, o batesse de verdade, quebrando, inclusive, os azulejos das paredes, ao ser arremessado sem dublês na mesma sequência.
Além disso, ele criou um maneirismo que trouxe mais originalidade ao vilão: as constantes lambidas nos lábios. Esse cacoete foi criado por questões técnicas, afinal, a prótese facial que usava precisava permanecer úmida para que não saísse do lugar e, para não ter que parar as gravações, ele surgiu fazer essa função com a saliva a fim de não interromper seu processo de atuação.
Todo esse trabalho não foi fácil de ser realizado. Ao The New York Times, Ledger havia contado que “ser o Coringa era física e mentalmente desgastante”, além de que ele só conseguia dormir durante duas horas por noite enquanto esteve responsável pelo papel.
Ainda assim, o esforço de Ledger foi reconhecido, já que, além da maior premiação do cinema, ele também conquistou troféus do Sindicato de Atores (SAG), do Globo de Ouro e do Critics Choice, se tornando também uma das principais referências para os próximos interpretes de Coringa nas adaptações para as telinhas e telonas.
"Batman: O Cavaleiro das Trevas" está disponível no catálogo da Max. A sinopse diz: "Com a ajuda do tenente Jim Gordon e do promotor público Harvey Dent, Batman pretende destruir para sempre o crime organizado em Gotham".