Descubra qual é a clássica animação da Disney, amada até os dias atuais, que foi desaprovada pelo renomado cineasta Walt Disney
Publicado em 15/03/2025, às 11h00
No ano de 1961, a Disney se encontrava em uma realidade desafiadora dentro do estúdio de animação. Embora a The Walt Disney Company estivesse em um período de sucesso financeiro com a recente inauguração da Disneyland, realizada em 1955, a situação era completamente diferente na The Walt Disney Animation Studios.
Isso porque, em 1959, o lançamento inicial de “A Bela Adormecida”, a última princesa com Walt Disney, acabou não fazendo o sucesso esperado nas bilheterias, deixando o estúdio no prejuízo após arrecadar apenas US$ 5,3 milhões, e fazendo com que os empresários passassem a cogitar deixar as animações de lado, conforme relembrou Marc Davis, lenda da Disney, ao blog da The Walt Disney Family Museum.
Walt, no entanto, continuou acreditando em sua paixão pelos desenhos e decidiu apostar naquela que seria seu penúltimo filme animado em vida: “101 Dálmatas”. Comercialmente, o longa foi um sucesso, arrecadando cerca de 14 milhões de dólares em bilheteria, ajudando a Disney a evitar um colapso financeiro e se tornando um dos grandes clássicos do estúdio, que permanece sendo relevante até os dias atuais.
No entanto, apesar de seu êxito na versão final, o que muitos não sabem é que, inicialmente, Walt Disney teria odiado a forma que a animação foi feita, gerando até mesmo um pequeno desentendimento entre o cineasta e os animadores.
Ao blog da The Walt Disney Family Museum, Andreas Deja, lenda da Disney, explica que “101 Dálmatas” marcou uma fase importante do estúdio por trazer um novo estilo de animação, adotando desenhos mais angulares e geométricos, além de adotar a nova tecnologia Xerox, que ajudava nos planos de fundo e na manipulação de layouts. No entanto, o resultado dessas novas apostas acabou não agradando Walt Disney.
O designer de produção Ken Anderson, responsável pelas novas técnicas de animação, também disse ao blog que a utilização do Xerox revolucionou a integração entre os personagens e os planos de fundo, e que até mesmo se tornou algo padrão para as décadas seguintes, mas que sua aplicação foi altamente questionada por Disney desde o início, que não gostou nem um pouco da estética final.
“De qualquer forma, todos ficaram felizes, exceto Walt. Walt odiou a maneira como fiz o filme. Só odiou [...] Ele me tirou do rumo. — Woolie fará tudo isso de agora em diante — resmungou ele. Eu estava machucado. Eu tropecei em outro trabalho”, relembrou Ken.
Isso porque, conforme explica o portal CBR, Walt teria abominado as linhas pretas muito evidentes ao redor dos personagens, visto que, desde o início de seu estúdio, ele buscava criar animações que trouxessem uma sensação de realismo, se esforçando para esconder as linhas, delineando os personagens com traços finos que se escondiam com as colorações, assim como pode ser visto em “Branca de Neve e os Sete Anões”, por exemplo.
Apesar do desentendimento entre Walt Disney e Ken Anderson, o designer afirma que, em seu último encontro com o cineasta, em dezembro de 1966, duas semanas antes de seu falecimento, ele recebeu um olhar onde diz acreditar ser um perdão pelo que fez em “101 Dálmatas”.
Ao The Walt Disney Family Museum, ele disse: "Anos depois, Walt deixou o estúdio doente [...] Eu estava no estúdio e o vi. Ele tinha encolhido. Ele parecia um homenzinho [...] 'É muito bom ver você', eu disse. 'É muito bom estar de volta, Ken [...] É maravilhoso', ele disse. Ele estava olhando para o estúdio para ver o que estava acontecendo. Pelo jeito que ele olhou para mim, eu sabia que ele estava me perdoando por fazer 101 Dálmatas do jeito que eu fiz. Não sei como eu sei, mas eu sabia que ele estava me perdoando".