Anastasia: O homem real que inspirou o vilão Rasputin
Assim como na animação, o homem que inspirou o vilão Rasputin, de 'Anastasia', também tinha um caráter duvidoso. Conheça sua história real!

No ano de 1997, a FOX lançava a animação que passou a ser considerada pela crítica como uma das melhores fora da Disney já lançadas: “Anastasia”. Hoje em dia, após a fusão do estúdio com a Casa do Mickey, o filme também passou a fazer parte do catálogo da empresa fundada por Walt Disney.
A obra, que faz sucesso até os dias atuais, foi inspirada na história real da última família imperial da monarquia russa, os Romanov, mais especificamente nos rumores envolvendo a Grã-Duquesa Anastásia, que, segundo as teorias, teria sobrevivido ao assassinato de sua família.
Isso porque, após a família imperial ser morta pelas tropas revolucionárias russas em 1918, os restos mortais dos Romanov só foram encontrados décadas depois, em 1991 — menos a ossada de Anastásia. Com isso, muitos passaram a acreditar que a princesa havia sobrevivido aos acontecimentos de sete décadas atrás, e muitas sósias da herdeira passaram a surgir pelo país, tentando ganhar o direito da herança.

O mistério, no entanto, só foi resolvido 17 anos depois, em 2009, quando cientistas russos finalmente conseguiram encontrar as ossadas da grã-duquesa e de seu irmão, Alexei.
Com a popularização das teorias na década de 90, a FOX desenvolveu a história da animação “Anastasia”, que apresenta uma versão mais romantizada e livre para todos os públicos da história. No longa, acompanhamos a princesa e grã-duquesa da Rússia, Anastásia, que fugiu junto de sua avó após o palácio imperial ser atacado por revolucionários, onde acaba batendo a cabeça e perdendo a memória enquanto tentava escapar.
Por ser baseada em um acontecimento real, a história conta com inúmeras referências a pessoas que existiram de verdade, além da própria Anastásia, como durante a música “Once Upon a December” (“Foi no Mês de Dezembro”, em português), onde podemos ver a retratação da família imperial, incluindo os pais da herdeira, o czar Nicolau II e a czarina Alexandra Feodorovna, além de seus irmãos, as princesas Tatiana, Olga e Maria, e o príncipe Alexei.
Além dos Romanov, outro nome importante na trama também foi inspirado em alguém que realmente existiu: o vilão Rasputin.
Rasputin da vida real
Nascido na Sibéria, seu nome de verdade é Grigori Yefimovich Rasputin, e ele foi um místico que se autoproclamou santo, após enganar dezenas de pessoas alegando ter a habilidade de curar os doentes e prever o futuro.
Adotando uma doutrina imoral, Rasputin chegou a São Petesburgo em 1903, onde seus “poderes” acabaram chamando a atenção da corte imperial, que tinham forte interesse no misticismo e ocultismo. Em 1905, ele é apresentado aos Romanov, mas foi apenas em 1908 que ele passou a ter um contato ainda mais profundo com a família.

Isso porque, naquele ano, o místico foi convocado ao palácio pelos czares Nicolau II e Alexandra, pedindo para que ele curasse seu filho, o príncipe Alexei, que sofria de hemofilia — doença que afeta a coagulação do sangue, e deixa uma pessoa mais propensa a sangramentos prolongados.
Logo no primeiro encontro, Rasputin ganha a confiança da família imperial ao conseguir aliviar os sintomas do garoto, que enfrentava um episódio de sangramento. Desde então, o bruxo passou a ter cada vez mais influência sobre os monarcas, principalmente na czarina Alexandra, se envolvendo até mesmo em assuntos de estado.
No entanto, apesar de se portar como um simples santo camponês em frente à monarquia, longe do palácio o místico seguia com sua vida de libertinagem — postura que, após um tempo, acabou chegando aos ouvidos de Nicolau II.
De início, o czar não acreditou nas alegações, e afastou todos aqueles que acusaram o “santo”. Porém, em 1911, o comportamento de Rasputin se tornou um enorme escândalo, levando o primeiro-ministro russo, P. A. Stolypin, a enviar um relatório com todos os delitos do místico para o monarca.

Após a descoberta, Nicolau II expulsou Rasputin do palácio, mas acabou retornando meses depois por influência de Alexandra, que não teve seu pedido negado pelo czar, visto que o imperador não queria desagradar à esposa ou colocar o filho em risco.
Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1915, enquanto Nicolau II estava no campo de batalha, Rasputin assumiu o cargo de conselheiro pessoal da czarina, que estava como regente na ausência do marido, influenciando diretamente nas decisões de Alexandra em assuntos internos da Rússia.
O místico só foi oficialmente afastado da monarquia em 1916, quando o príncipe Félix Yusupov (marido da sobrinha de Nicolau II), o Grão-Duque Dmitry Pavlovich (primo do czar) e Vladimir Mitrofanovich Purishkevich (deputado membro da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo) armaram uma emboscada, e mataram o bruxo no dia 16 de dezembro.