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Viva a História / Revolução Constitucionalista de 1932

O que foi a Revolução Constitucionalista de 1932?

Descubra como surgiu e o que foi a Revolução Constitucionalista de 1932, conflito que dá origem ao feriado celebrado hoje, 9, em São Paulo

por Izabela Queiroz

Publicado em 09/07/2024, às 09h00

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Desfile cívico-militar em homenagem aos heróis da Revolução Constitucionalista de 1932 - Levi Bianco/ Getty Images
Desfile cívico-militar em homenagem aos heróis da Revolução Constitucionalista de 1932 - Levi Bianco/ Getty Images

Nesta terça-feira, 09, celebra-se a Data Magna de São Paulo, criada após a Revolução Constitucionalista de 1932 em homenagem à resistência paulista e aos que lutaram por democracia durante a Era Vargas (1930 −1945), mudando para sempre a história do Brasil.

Mas você sabe o que foi esse levante armado que se tornou feriado em São Paulo em 1997 por meio da lei n.º 9.497? A RECREIO reuniu as principais informações abaixo; confira!

O período pré-Revolução Constitucionalista de 1932

Para entender o conflito, é necessário voltar um pouco no tempo para compreender o contexto político da época, visto que a situação começou a degringolar dois anos antes. 

Acontece que, com a Revolução de 1930, o militar gaúcho que liderava o movimento armado, Getúlio Vargas, acabou subindo ao poder em um golpe de Estado, levando a queda do governo de Washington Luís e impedindo a posse de Júlio Prestes, eleito presidente da República em 1º de março.

Com Vargas como presidente, o país deu adeus a República Velha e a conhecida política do ‘café com leite’, em que o Brasil era comandado por representantes das elites de São Paulo e Minas Gerais ao início da República — sendo esse o primeiro ponto de insatisfação que levaria a Revolução Constitucionalista de 1932.

Isso porque, além acabar com as oligarquias de poder, Vargas fez com que o Governo federal fosse responsável por todas as decisões tomadas pelos poderes Legislativo e Executivo e, para retirar a autonomia e poder dos estados brasileiros, nomeou interventores aliados para executar os decretos e deliberações instituídas por ele.

Em São Paulo, um interventor não paulista foi nomeado para governar o estado: o tenente pernambucano João Alberto, causando insatisfação na população que pedia que um interventor civil e paulista fosse escolhido para a posição. Na tentativa de sessar as reclamações, Vargas trocou de representante por cinco vezes no estado em menos de dois anos, como explica o portal Mundo Educação.

O início da Revolução 

As mudanças constantes de interventores que não agravam o povo, combinadas com o aborrecimento da elite que perdeu o controle na política do café, e o descontentamento geral com a centralização de poder de Vargas, foram o suficiente para que os paulistas pensassem em uma solução: a formação de uma Assembleia Constituinte para que uma nova Constituição fosse elaborada, o que faria também com que uma nova eleição presidencial fosse realizada.

Assim, grandes mobilizações populares contra o governo foram iniciadas não só em São Paulo, mas em estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul — todas elas, violentamente reprimidas por militares da força governista, já que Vargas não queria, de forma alguma, perder a posição de poder que havia tomado.

Entre os protestos, está o realizado em 23 de maio de 1932 na sede do Partido Popular Paulista (PPP), onde os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo foram mortos. A partir de então, foi criado o movimento que recebeu as iniciais dos quatro jovens, o MMDC, responsável pelo levante armado que se iniciou em São Paulo, em 9 de julho de 1932.

Até a data que hoje é feriado, foram formadas tropas paulistas com soldados, alguns deles de outros estados, que se alistaram de forma voluntária. Além disso, por meio de campanhas como as de doação de joias, foi possível que os soldados se fortificassem por meio da compra de armas e se preparassem para o conflito.

Mantido por três meses, o levante armado chegou ao fim por falta de aliados, pois os paulistas não receberam o apoio esperado de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, fazendo com que se rendessem em 2 de outubro de 1932, por não resistirem aos ataques das tropas governistas.

Os resultados

Ainda que não tenha sido finalizada como os paulistas idealizaram, a Revolução Constitucionalista de 1932 trouxe resultados que transformaram a história de São Paulo e todo o Brasil, já que antes de chegar ao fim, o conflito fez com que Vargas criasse o Código Eleitoral, que transformou o sistema eleitoral do país para garantir democracia e estabilidade durante as eleições.

Dentre as demais mudanças, estão as eleições que resultaram na segunda Constituição, promulgada em 1934, assim como a substituição dos interventores, que colocaram o civil Armando Sales de Oliveira, aprovado pelos paulistas, no governo de São Paulo.