Para celebrar a data, a Recreio conversou com o roteirista Marcos Ferraz sobre a criação da icônica série animada. Confira!
As histórias do Sítio do Picapau Amarelo são uns dos grandes patrimônios da literatura brasileira. A obra escrita por Monteiro Lobato teve seu primeiro lançamento no ano de 1921, com o livro “Narizinho Arrebitado” e, desde então, conquistou diversas gerações em todo o País.
Graças ao seu enorme sucesso, as aventuras da turma do Sítio já receberam inúmeras adaptações para o cinema, televisão e história em quadrinhos. Uma das mais recentes foi a animação produzida pela Rede Globo, que comemora 10 anos de lançamento em 2022.
O desenho foi veiculado na TV Globo e no Cartoon Network até setembro de 2016, e contou com 78 episódios divididos em três temporadas. Para celebrar essa data tão importante, a Recreio bateu um papo incrível com Marcos Ferraz, um dos roteiristas responsáveis pela terceira temporada da animação responsável por conquistar os pequenos da nova geração. Confira!
Marcos Ferraz: O Rodrigo Castilho, que foi o idealizador do projeto, me chamou para compor a sala de roteiro. Nós já havíamos trabalhado juntos e ele sabia da minha aproximação com a linguagem infantojuvenil.
Marcos: Não usaria o termo "pressão" porque o processo criativo era bem tranquilo. Nós estudamos bastante a obra e tínhamos também o apoio de pedagogas para deixar o roteiro o mais criativo e seguro possível para a criança. O que significa um roteiro seguro? É aquela história que os pais podem deixar a criança assistir sem medo de que seja passado algum tipo de preconceito, valores ou atitudes que incitem algum comportamento reprovável.
Marcos: O nosso trabalho era muito prazeroso. Éramos cinco roteiristas que se encontravam três vezes por semana (na época não havia pandemia) presencialmente. Ficávamos horas dentro de uma sala discutindo e criando histórias. Todas baseadas na obra do Monteiro Lobato. O Castilho vinha com uma proposta e nós engordávamos a ideia. Depois cada um ia para sua casa e escrevia o roteiro.
Marcos: O maior prêmio é ver uma criança assistindo uma obra que você escreveu e lembrar que um dia você foi aquela criança. Eu estava naquele lugar, assistindo ao Sitio na televisão e sonhando com aquele universo mágico. De repente, eu estou do lado de cá criando esse universo.
Marcos: A primeira lembrança que tenho do Sítio foi quando meu pai chegou de viagem e trouxe para mim a coleção completa. Era uma edição de capa dura da Brasiliense. Eu ainda não sabia ler. Eu sou o caçula temporão, então sempre tinha alguém que lia para mim. Mas meu desejo era conseguir ler aqueles livros sozinhos. Foi meu estímulo para aprender rápido.