Banido? Entenda porque o Ursinho Pooh é censurado na China

Parte da infância de várias gerações, o Ursinho Pooh surgiu como protagonista de vários livros escritos pelo autorA. A. Milne há quase um século, assim como, mais recentemente, esteve em produções da Disney, onde estrelou animações como "Ursinho Puff e o Dia Chuvoso" (1968), "Puff — O Ursinho Guloso" (1997), "O Ursinho Pooh" (2011) e tantas outras.

Nas histórias, o público descobre que esse serzinho amarelo que usa camiseta vermelha e ama mel mora no Bosque dos Cem Acres em uma casa construída em uma árvore, e lá compartilha diversos momentos com seus amigos: Leitão, Tigrão, Coelho, Ió, Christopher Robin, Can, Guru, Corujão, Roque-Roque, Bolota e Darby.

Ainda assim, o que muitos podem não imaginar, é que esse carismático personagem foi banido por tempo indeterminado em um dos países da Ásia Oriental: A CHINA! 

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Por que o Ursinho Pooh é proibido na China?

Acontece que, em 2017, conforme apontado pela BBC, o presidente do país que tem Pequim como capital, Xi Jinping, proibiu o uso de imagem do ursinho após uma movimentação nas redes sociais em que este, que ocupa desde 2013 o cargo mais importante da China, começou a ser comparado com Pooh em diversos momentos importantes após ser eleito.

Na época, um dos serviços de mensagem mais usados na China, o WeChat, removeu as imagens do Ursinho Pooh da galeria de fotos, e comentários na rede social chinesa Weibo foram bloqueados com uma mensagem que dizia: "Esse conteúdo é ilegal", conforme repercutido pelo G1.

As comparações começaram no ano da posse de Jinping, quando, ao visitar os Estados Unidos, ele foi fotografado caminhando com o agora ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e montagens começaram a circular na web apontando semelhanças entre a foto e um imagem de Pooh e Tigrão juntos em uma animação.

Outras imagens que se popularizaram, apresentavam o encontro de Jinping com o premiê japonês, Shinzo Abe, onde Jinping é relacionado a Pooh e Abe a Ió, e o discurso do presidente do alto da limusine presidencial durante uma cerimônia militar, onde uma foto de Pooh em um veículo também surgiu online para ilustrar o momento que recebeu o título de imagem "mais censurada do ano na China", segundo a página de análise política Risco Global Insights (via G1).

Como resultado, sete anos atrás, a censura foi aplicada nas redes sociais para tentar proteger a imagem do chefe de Estado, visto que, além dos memes, ativistas políticos e parte da população que descorda do atual governo, começaram a usar a imagem de Pooh para reclamar da gestão de Jinping.

Um dos casos mais recentes que expressam o descontentamento dos dissidentes, aconteceu quando a Constituição chinesa foi modificada eliminando o limite máximo de dois mandatos consecutivos para um presidente, já que, na época, uma imagem do personagem abraçado a um enorme pote de mel acompanhado da frase: "Encontre o que você ama e nunca largue", foi espalhada nas redes sociais, como explicado pelo jornal El País.

Hoje, não só publicações na web estão nos holofotes das censuras, como tudo indica que o cinema também, visto que, ainda que o real motivo não tenha sido confirmado pela China, os filmes mais recentes estrelados por Pooh não foram exibidos nas telonas chinesas.

Dois dos casos entre as produções barradas nos cinemas locais estão o live-action "Christopher Robin — Um Reencontro Inesquecível", de 2018 e "Ursinho Pooh: Sangue e Mel" (2023). Segundo o The Guardian (via Rolling Stone), o filme de terror dirigido por Rhys Frake-Waterfield até foi incluído na grade de exibição dos cinemas da China, mas foi retirado de cartaz sem que o motivo fosse exposto à mídia.