Saiba mais sobre o processo de criação de '101 Dálmatas', a penúltima animação produzida por Walt Disney em vida
Publicado em 22/05/2024, às 17h25
“101 Dálmatas” foi o penúltimo filme lançado pela Disney que contou com a produção de seu fundador, Walt Disney. A animação foi inspirada no livro da escritora inglesa Dodie Smith, lançado em 1956, e que leva o mesmo nome, sendo a responsável por marcar o retorno de um futuro incerto do estúdio.
Conforme repercutido pelo blog da The Walt Disney Family Museum, no final da década de 1950, a The Walt Disney Company estava com um sucesso financeiro graças à abertura da Disneyland, em 1955. No entanto, a realidade não era a mesma no estúdio de animação.
Isso porque, em 1959, foi lançado “A Bela Adormecida”, último filme de princesa com a participação de Walt Disney, produzido com o orçamento de 6 milhões de dólares. Contudo, mesmo sendo extremamente aclamado pela crítica, o longa não foi bem nas bilheterias, deixando o estúdio no prejuízo após arrecadar apenas US$ 5,3 milhões.
Por esse motivo, Marc Davis, lenda da Disney, relembrou ao blog do museu que os empresários passaram a cogitar deixar as animações de lado.
“A atitude dos empresários foi: 'Demora muito [...] tempo para fazer esses recursos, eles custam muito caro, achamos que você não deveria fazer mais.'”, revelou Davis.
Mesmo com a falta de apoio, Walt continuou acreditando em sua paixão pelos desenhos, e seguiu com o projeto de seu penúltimo filme animado em vida: “101 Dálmatas”.
Para continuar com as animações, a única opção de Disney era fazer com que o novo filme desse certo e, para isso, o renomado cineasta decidiu fazer algo completamente diferente de suas produções das décadas de 30, 40 e 50. Agora, ao invés de um conto de fadas medieval, lançaria um filme contemporâneo, ambientado nos anos 60.
“Um filme da Disney ambientado em nossa época era algo totalmente novo. E há um realismo que a história contemporânea traz, incluindo uma completa falta de magia. Ninguém tem poderes especiais. Cruella é simplesmente ruim”, relembrou a lenda da Disney Andreas Deja. “Além disso, ‘101 Dálmatas’ trouxeram uma nova aparência à animação da Disney — uma que deixou Walt não totalmente satisfeito — que alteraria a aparência dos filmes de animação da Disney nas décadas seguintes”.
A nova aparência em questão foi a adoção de desenhos mais angulares e geométricos, feitos, principalmente, por Ken Anderson, o designer de produção, e Walt Peregoy, estilista de cores. Outra grande novidade inovadora presente em “101 Dálmatas” foi a utilização da nova tecnologia Xerox, que ajudava nos planos de fundo e na manipulação de layouts.
Apesar da utilização da tecnologia Xerox ter revolucionado a integração entre os personagens e os planos de fundo, tornando-se padrão para as décadas seguintes, sua aplicação foi bastante questionada por Walt Disney, que não gostou da estética final do filme.
“De qualquer forma, todos ficaram felizes, exceto Walt. Walt odiou a maneira como fiz o filme. Só odiou [...] Ele me tirou do rumo. — Woolie fará tudo isso de agora em diante — resmungou ele. Eu estava machucado. Eu tropecei em outro trabalho”, comentou o designer Ken Anderson.
Mesmo sem estar contente com a aparência final da animação, Disney ficou satisfeito com o principal ponto da produção: a história. No final, “101 Dálmatas” arrecadou cerca de 14 milhões de dólares em bilheteria, e se tornou um dos grandes clássicos do estúdio, permanecendo relevante mesmo mais de seis décadas depois de seu lançamento original.