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Entretenimento / Sítio do Pica-Pau Amarelo

104 anos de Emília: Como surgiu a boneca do Sítio do Pica-Pau Amarelo?

Descubra quando e como Monteiro Lobato criou a boneca de pano que ganha vida em "Sítio do Pica-Pau Amarelo"

por Izabela Queiroz

Publicado em 21/07/2024, às 09h00

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Isabelle Drummond como Emília em foto promocional de "Sítio do Pica-Pau Amarelo" (2001) - Reprodução/TV Globo
Isabelle Drummond como Emília em foto promocional de "Sítio do Pica-Pau Amarelo" (2001) - Reprodução/TV Globo

Em 2024, Emília, a boneca de pano que protagoniza a série literária "Sítio do Pica-Pau Amarelo", completa 104 anos de criação! Tagarela, brincalhona, teimosa, esperta e sempre muito independente, a personagem que estreou nas folhas, estrelou também animações e produções live-action nas telinhas e telonas, permitindo assim que o legado centenário que marcou para sempre a literatura brasileira fosse adaptado para outros formatos e atingisse ainda mais pessoas.

Também conhecida como Marquesa de Rabicó e Condessa de três estrelinhas, Emília fez parte da infância de diversas gerações. Mas, você lembra como a personagem foi criada? Pensando em responder à questão, a RECREIO pesquisou e reuniu as principais informações sobre a origem da personagem abaixo; confira!

Como surgiu Emília?

Fruto da imaginação do autor brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948), Emília foi escrita em São Paulo, na Rua Boa Vista 52, em algum dia de 1920, conforme explicado em "Emília: uma biografia não autorizada da Marquesa de Rabicó" (2014), de Socorro Acioli, que, apesar do título, foi aprovada pela família de Lobato, como repercutiu o portal O Globo.

Nesse ano e lugar, o livro "A Menina do Narizinho Arrebitado" (1920), trama lançada posteriormente com o título “Reinações de Narizinho” (1931), ganhou forma e, com ele, surgiu Emília, personagem que na ficção apareceu como uma boneca de pano comum, afinal, Tia Nastácia foi quem a confeccionou, usando saia velha recheada com flores de macela — a camomila brasileira — para Narizinho, a neta de Dona Benta, a fim de que a garota não se sentisse sozinha durante os dias passados no Sítio. 

No entanto, tal qual Pinóquio, personagem que surgiu em 1883 pela criatividade do autor Carlo Collodi no romance "As Aventuras de Pinóquio", o destino de Emília mudou quando a sua dona desejou que ela tivesse características humanas. No caso da boneca, Narizinho queria que ela falasse!

Acontece que, cansada de conversar com o brinquedo e nunca ouvir nenhuma resposta, a menina do nariz arrebitado decidiu levá-la para Doutor Caramujo no Reino das Águas Claras, onde ele receitou uma pílula falante para Emília que a levou a dizer a primeira frase desde que foi criada: "Que gosto horrível de sapo na boca!". Desde então, ela nunca parou de falar.

Emília começou uma feia boneca de pano, dessas que nas quitandas do interior custavam 200 réis. Mas rapidamente evoluiu, e evoluiu cabritamente — cabritinho novo — aos pinotes. Teoria biológica das mutações. E foi adquirindo uma tal independência que, não sei em que livro, quando lhe perguntaram: Mas quem você é, afinal contas, Emília? ela respondeu de queixinho empinado: Sou a Independência ou Morte!”, escreveu Lobato em uma carta datada de 1º de fevereiro de 1943 apurada professor Osni Lourenço Cruz, pesquisador da vida e obra do escritor (via Lobato com Você).

Além do local de criação e a história que deu origem a boneca falante, o blog Lobato com Você, administrado por Cleo Monteiro Lobato, bisneta do criador de Emília, e Ricardo Aguiar, jornalista e redator, existe uma citação do escritor Carmo Chagas no livro "Os Oliveira Costa de Taubaté" que revela uma possível musa inspiradora para o nome da personagem.

O trecho, tratado como especulação, diz: "Na casa de Antonieta Bernardes, grande amiga de Maria Eudoxia, trabalhou uma moça negra chamada Emília, que na infância foi companheira de brinquedo dos filhos de Monteiro Lobato e dizia-se em Taubaté, deu seu nome à endiabrada boneca falante".

Com alusões a experiências do mundo real ou não, é fato que Emília se tornou uma grande figura da literatura infantil do Brasil, ganhando, inclusive, histórias solo como "Emília no País da Gramática" (1934), "Aritmética da Emília" (1935) e "Memórias de Emília" (1936), onde a biografia da personagem é escrita pela ótica de outro personagem de "Sítio do Pica-Pau Amarelo": Visconde de Sabugosa.

Mais que isso, Emília também pode ser vista no formato animado em "Sítio do Pica-Pau Amarelo", lançada pela Rede Globo em 2013, e em versões em que atrizes reais dão vida a personagem, como na única adaptação da obra de Lobato que estreou nos cinemas: "O Saci", lançado em 1951, onde a personagem é interpretada por Olga Maria, e em adaptações para a TV, como a de 1970, que se tornou a versão para as telinhas com maior número de episódios ao acumular 1.436 capítulo, e de 2001, que traz Isabelle Drummond na pele da boneca. 

Vale mencionar que a mais recente de todas as adaptações é "O Pica-Pau Amarelo", série do SBT que apresentará a atriz Lindaines Deterling como Emília. A nova produção terá 15 episódios que serão disponibilizados no streaming da emissora em agosto, e em outubro na TV aberta, mas a RECREIO já pôde conhecer os personagens em uma visita incrível ao Sítio; veja: