Diversos povos do passado já tinham o costume de pintar e decorar o corpo de muitas formas. Olhe só!
Letícia Yazbek Publicado em 28/03/2022, às 17h28 - Atualizado às 18h02
Há 50 mil anos, os neandertais (ancestrais dos seres humanos que habitaram a Europa e partes da Ásia entre 350 mil e 30 mil anos atrás) já usavam tintas e pigmentos para pintar o corpo. Homens e mulheres faziam isso para celebrações, como o momento da colheita e em cerimônias fúnebres.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Bristol (Inglaterra) achou até conchas com restos de pigmentos vermelhos e amarelos no sul da Espanha. Eles eram feitos à base de minerais, como o manganês. Os cientistas acreditam que, além de ser um local para misturar e guardar os pigmentos, as conchas serviam de acessório para enfeitar o corpo dos neandertais.
No Egito Antigo, por volta do ano 3 mil antes de Cristo, a pintura corporal era vista durante rituais variados.
Faraós e camponeses usavam tintas (feitas a partir de uma mistura de metais) para colorir as pálpebras, cílios e sobrancelhas. Eles acreditavam que o deus do Sol protegia aqueles que pintassem os olhos contra infecções.
Um pigmento vermelho, feito a partir de óxido de ferro, coloria os lábios e as bochechas. Os egípcios também tinham acessórios como colares, anéis, braceletes e tornozeleiras.
A tatuagem também surgiu por volta do ano 3 mil antes de Cristo, no Egito, em rituais ligados à religião da época. Com o tempo, o costume se espalhou para os outros continentes e se tornou comum entre os marinheiros.
Hoje, a tatuagem é feita com uma técnica que usa agulhas especiais, inserindo tinta na camada subcutânea da pele. Assim, o desenho fica na pele para sempre.
Muitos povos indígenas fazem pinturas corporais até hoje. Elas podem ser vistas em diferentes eventos, como guerra, colheita, chuva, casamento, caça ou morte. A pintura é feita com tintas extraídas de frutos – o urucum dá origem ao vermelho e o jenipapo ao preto-azulado, por exemplo.
Já o carvão, retirado das madeiras queimadas nas fogueiras, pode ser aplicado para pintar o rosto. Os desenhos costumam ser geométricos e abstratos, e podem representar animais. Indígenas também usam sementes, penas, ossos e pedaços de bambu para fazer cocares, colares e outros enfeites.
Assim como os povos indígenas, muitas tribos africanas usam a pintura corporal ainda hoje. Elas são feitas com óleos vegetais, barro, seiva de plantas e ocre vermelho e amarelo (extraídos de rochas vulcânicas).
O corpo também pode ser pintado com argila branca, formando desenhos com círculos ou traços. Homens e mulheres ainda se enfeitam com colares, braceletes, brincos, argolas e gargantilhas.
Na Índia, a pintura corporal possui significado especial: no dia do casamento, a noiva tem os braços, pernas e pés pintados por amigas e mulheres da família (a pele ganha desenhos decorativos que, além de enfeitá-la, a protegem e trazem boa sorte na fase que se inicia).
Ela também recebe um sinal vermelho na testa, entre as sobrancelhas, que representa o rompimento com a antiga vida em família.
Enfeites e pinturas, de hoje e de antigamente, ajudam a proteger o corpo dos raios solares e das picadas de inseto. Eles são tão importantes para esses povos quanto as roupas que nós usamos!
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