Antes do jornal, televisão e internet, outras formas de comunicação levavam a informação às pessoas
Letícia Yazbek Publicado em 06/07/2020, às 10h00 - Atualizado às 19h02
Muito antes do surgimento do jornal, rádio, televisão e internet, o homem se viu diante da necessidade de registrar acontecimentos e disseminar informações.
Por volta de 3 500 a.C., os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme para gravar, em placas de argila, dados sobre a administração e as transações comerciais do governo. Na Grécia antiga, as informações eram transmitidas e debatidas em plena rua, nas ágoras, grandes praças onde eram realizadas assembleias populares. Assim, toda a população – incluindo a porcentagem que não tinha acesso à alfabetização – participava das discussões públicas.
Mas foi em 59 a.C., em Roma, que surgiu a precursora da imprensa moderna. Criada por ordem do então general Júlio César, a Acta Diurna Populi Romani (“Relatos Diários ao Povo de Roma”) era exposta em grandes placas de pedra ou metal, e fixada nos muros das principais praças e prédios públicos.
Dessa forma, a população de todo o império podia ler de graça sobre feitos militares, esportes, ciência, mortes e julgamentos. A Acta Diurna, no entanto, não era nada imparcial: como publicação oficial, não noticiava casos negativos para o império, como as derrotas do Exército Romano ou escândalos envolvendo pessoas públicas.
Já durante a Idade Média, na Europa, a carta era o meio de comunicação mais utilizado entre os nobres – principalmente governantes, banqueiros e comerciantes, que não só escreviam sobre questões pessoais, como também relatavam os acontecimentos da região onde moravam.
Segundo o especialista em História do Jornalismo Martin Conboy, em Journalism: A Critical History (“Jornalismo: Uma História Crítica”), “enquanto as elites eram capazes de se comunicar por meio de cartas, manuscritos, tratados e proclamações, a maioria da comunicação era oral”. Isso fazia com que grande parte das informações que chegavam às classes mais baixas fosse fake news, rodeadas de boatos e fofocas.
O fim da Idade Média foi marcado por uma revolução no campo da informação. A prensa de tipos móveis, criada em 1455 por Johannes Gutenberg, possibilitou a produção em larga escala de livros e folhetos. As notícias passaram a chegar mais rapidamente e para mais pessoas, o que expandiu o debate de ideias e o interesse na vida política.
No século 15, surgiram as primeiras folhas de divulgação de notícias fabricadas em prensa móvel. Em Veneza, elas eram vendidas pelo baixo valor de uma gazeta, a moeda local – daí vem o nome de vários periódicos. Ao mesmo tempo, começou a surgir uma demanda por notícias segmentadas. O comércio, por exemplo, ganhou folhas de divulgação com informações exclusivas sobre economia.
Os primeiros jornais, publicações periódicas com formato semelhante ao atual, começaram a aparecer na primeira metade do século 17: em 1609, surgiu o alemão Avisa Relation oder Zeitung, e, em 1631, o francês La Gazette. Já o primeiro jornal brasileiro foi criado em junho de 1808 - era o Correio Braziliense, impresso em Londres e enviado de navio para cá.
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