A família real chegou ao Brasil, foi proclamada a independência e, depois, a república. Mas você sabe como a população vivia nessa época?
Letícia Yazbek Publicado em 06/09/2023, às 19h00
No ano de 1808, a Família Real Portuguesa chegou ao Brasil, fugindo das tropas do líder francês Napoleão Bonaparte. Com isso, o Brasil se tornou sede da Coroa Portuguesa, e uma série de mudanças foram impostas em nosso país. O Brasil ganhou mais autonomia — surgiram as primeiras fábricas e instituições brasileiras, como bolsa de valores locais e um banco nacional. As fazendas se modernizaram e as cidades se desenvolveram, atraindo imigrantes.
Os escravos trabalhavam em grandes propriedades rurais e em minas de ouro. Os homens eram responsáveis pelas tarefas mais difíceis e perigosas. Já as mulheres exerciam atividades domésticas. Os escravos comiam alimentos de má qualidade, dormiam na senzala (galpão úmido e escuro) e recebiam castigos físicos. Em 1850, o imperador Dom Pedro II proibiu o tráfico de escravos. Aos poucos, os imigrantes europeus chegaram ao país e substituíram os escravos. A escravidão no Brasil só terminou em 1888.
Com o processo de industrialização, os colonos que viviam nas grandes fazendas passaram a se mudar para a cidade, à procura de uma vida mais confortável. Assim, os filhos dos colonos poderiam frequentar escolas e faculdades e conseguir bons empregos na indústria ou comércio.
A higiene corporal era feita por meio da lavagem de algumas partes do corpo. Um jarro de boca estreita era utilizado para as pessoas lavarem o rosto e as mãos de manhã. O costume era de tomar banho cerca de cinco vezes por ano, quando as roupas de baixo eram trocadas. O banho era feito em uma tina (tipo de bacia). As casas não tinham banheiros e as necessidades eram feitas nos quintais, em um buraco no chão, ou em penicos. O conteúdo era recolhido por um escravo durante a noite e jogado em terrenos baldios ou no mar.
A alimentação, influenciada pela cultura indígena, incluía produtos como mandioca, batata, milho, peixe, carne e frutas. Outros foram trazidos pelos portugueses, como a jaca e a manga. No século 19, o café da manhã era feito com leite, pão, frutas e bolos. No almoço, o mais comum era o consumo de arroz e feijão, acompanhados de batata, carne e salada. Para o jantar, as sopas eram o prato principal.
As refeições eram feitas usando as mãos. Nas situações mais formais, os homens usavam facas grandes para cortar carne — cada convidado devia trazer a própria faca de casa. O uso dos talheres se tornou mais comum no fim do século 19. Quando não havia convidados, era comum que todos se sentassem no chão, cada um com o prato no colo.
O meio de transporte mais utilizado era a montaria em cavalos e burros. Com a chegada da família real, as pessoas passaram a usar com mais frequência os veículos de rodas puxados por animais, como as seges. Elas tinham duas ou quatro rodas, uma cortina de couro e vidraças. A sege era utilizada para percorrer distâncias maiores ou em ocasiões especiais. As cadeirinhas também eram muito comuns — eram um tipo de cabine carregadas por escravos. Elas variavam de modelo de acordo com as posses do proprietário: os mais ricos encomendavam modelos luxuosos, com paredes decoradas.
Os principais meios de informação eram o jornal e a revista, que surgiram no início do século 19. Se alguém desejava mandar um recado para uma pessoa que estava longe, precisava enviar uma correspondência, que podia demorar meses para chegar. O telégrafo surgiu no Brasil em 1857 e funcionava entre as cidades de Petrópolis e Rio de Janeiro. Já os primeiros telefones foram instalados no Rio de Janeiro, em 1883.
No dia a dia, as famílias mais ricas iam a espetáculos e frequentavam bailes familiares. As mais pobres costumavam se reunir em casa ou em locais públicos. Toda a população das cidades participava de festas religiosas ou populares. Elas eram o ponto de encontro de parentes e conhecidos que se reuniam para contar os fatos do dia. Os eventos aconteciam durante o dia, quando ainda havia luz solar. A eletricidade só surgiu no Brasil no fim do século 19.
Consultoria: Célia Tavares (professora do Departamento de Ciências Humanas da UERJ).
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