Entenda como era o dia a dia das pessoas naquela época
Bruna Cardoso Publicado em 03/09/2021, às 09h50 - Atualizado em 23/04/2022, às 10h00
A Idade Média, ou período Medieval, começou na segunda metade do século 5. Pela tradição, a data que marca o início é o ano de 476, com o fim do Império Romano do Ocidente — culpa, entre outros fatores, da desestruturação militar, decadência da economia baseada em escravos e as invasões de povos germânicos, que habitavam a região leste das fronteiras de Roma.
Alguns historiadores consideram que a Idade Média foi um período sem evolução na cultura e na ciência. Por isso, por bastante tempo, a época foi chamada de Idade das Trevas. Na verdade, todo período histórico traz contribuições para o ser humano. Na época medieval, o conhecimento foi preservado, incluindo estudos filosóficos, artísticos, nas ciências exatas e humanas e até a fundação de universidades.
Sons estranhos
Os germânicos viviam no Norte da Europa e ficaram conhecidos como bárbaros, porque os gregos não entendiam o que eles falavam — tinham a impressão de que o som pronunciado era algo como bar-bar, o que originou a palavra bárbaro. Eles eram organizados em clãs (hunos, vândalos, visigodos, ostrogodos e muitos outros) e tinham leis baseadas em tradições. Os germânicos eram guerreiros e, por isso, considerados violentos e cruéis por aqueles que não compreendiam os costumes deles.
A base de tudo
Na época, a organização social e politica era o feudalismo: a economia se baseava no trabalho servil (os servos, ou criados, trabalhavam em troca de proteção e do uso da terra), na agricultura de subsistência (sistema de produção agrícola que oferecia sobrevivência ao agricultor e à família dele com o plantio de frutas e legumes) e no escambo (troca de mercadorias).
O feudalismo surge na segunda metade do século 8. A divisão social acontecia assim: no topo, os reis e os nobres; abaixo deles, o clero (Igreja), comerciantes e os homens livres com trabalho mais valorizado (como artesões); por fim, os servos.
A nobreza recebia do rei um pedaço de terra e criados. Então, os nobres construíam castelos nessas terras, organizando feudos, onde os criados podiam plantar e criar animais — o que era vendido disso gerava lucro para o nobre, ou senhor feudal.
A vida da família feudal
O dia a dia era mais ou menos assim: o senhor feudal e a família acordavam ao nascer do Sol, tomavam café da manhã com pão e queijo e iam para a capela do castelo. O almoço era servido pelos criados entre 10h e o meio-dia (havia quatro pratos principais, seguidos de sobremesa e apresentação de malabaristas e mágicos para). Durante o dia, o pai cuidava dos assuntos econômicos do feudo. A mãe dava atenção aos filhos e supervisionava as tarefas de alguns criados. Ao cair da noite, a refeição era uma sopa ou pão molhado ao leite.
Sujeira medieval?
Apesar do que se diz, as pessoas tentavam se manter limpas na medida do possível. A nobreza tinha alguns objetos para a higiene, como jarros de água e panos umedecidos. Os camponeses usavam um método simples: retiravam água de um poço ou de um rio e aqueciam na fogueira para tomar banho. Quando não havia opção, o jeito era esperar pela chuva.
Bons frutos
Algumas cidades medievais se transformaram em importantes centros comerciais. Alguns exemplos são Gênova e Veneza (Itália), Londres (Inglaterra) e Hamburgo (Alemanha). Além disso, alguns estados modernos nasceram naquela época, como Dinamarca, Portugal e França.
Adeus, Idade Média!
Acredita-se que o fim do período Medieval seja marcado por dois fatos: a chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, que levou os europeus a ter novos interesses, descobrindo outros territórios; e a queda de Constantinopla (atual Istambul, Turquia), invadida pelos turcos por volta de 1453. Constantinopla era uma cidade de muita importância comercial para a Europa (permitia acesso à Índia, centro de compra e venda de produtos, como tecidos e especiais). Assim, a tomada do local representou a queda da cultura medieval.
Alguns historiadores defendem a existência da Longa Idade Média. Para eles, o rompimento com as tradições medievais deve ter acontecido depois dos séculos 15 e 16. Alguns até definem o fim da Idade Média em meados do século 18. A teoria é baseada no fato de a tradição feudal ter existido por mais tempo.
Consultoria: José L. Cordeiro Fernandes (Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos da Universidade Estadual do Ceará)
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